A média de apenas 3,8 supera a meta estipulada para 2009; a expectativa é chegar a 6 até 2022
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2009, divulgado hoje, deixa claro que, embora o resultado tenha melhorado em relação à edição anterior, os estudantes ainda estão longe de alcançar a média 6, observada em países desenvolvidos e meta do governo federal para os próximos 12 anos. A menor pontuação no Estado - 3,8 - foi obtida pelos alunos do ensino médio, uma tendência também do restante do país. O índice varia de 0 a 10 pontos.
Entre os estudantes do ensino médio no Espírito Santo, o pior resultado foi observado na rede estadual de ensino. Enquanto a escola particular teve média 5,7, a rede pública ficou em 3,4 - ambas, no entanto, estão acima da meta proposta para o ano de 2009, quando foi calculado o índice. O melhor resultado foi registrado nos primeiros anos do ensino fundamental. A média chegou a 5,1, sendo que na rede estadual é de 5,0 e na privada de 7,0.
Ainda assim, o secretário estadual de Educação, Haroldo Correa Rocha, é otimista. "Nos três níveis de ensino - séries iniciais e séries finais do ensino fundamental e ensino médio - a escola pública está em progresso. Um progresso, eu diria, excepcional no primeiro ciclo do ensino fundamental - 1ª a 4ª série. Daqui a sete anos, essas crianças que estão na 4ª série do fundamental estarão no final do ensino médio. Projetando uma tendência, é perfeitamente possível sonhar com a média 6 em 2022", afirma.
Ele ressalta que o desempenho da escola pública melhorou nas últimas três edições do Ideb. "Estamos acostumados a ver a escola pública piorando. De 2005 para 2007 melhorou e agora voltou a melhorar. Isso passa uma ideia de que rompemos a inércia. Estamos em um movimento positivo. Mas ainda longe do desejado. A meta do Ideb para 2022 é chegar a 6, o que é hoje é o nível médio dos países desenvolvidos. O cidadão pode achar que a média 6 ainda é pouco. Mas não é, porque nunca vamos ter todos os cidadãos com o mesmo nível", afirma.
Soluções
O secretário de Educação admite que o investimento no ensino médio deve ser constante. "O ensino médio tem características marcantes. O jovem deve ser instigado a pensar no futuro. É preciso ter uma estratégia para ambientar o aluno com cultura, esporte, ciência e ideia de profissionalização. No ensino médio há um problema de dedicação do jovem, porque a competição é grande com outros atrativos. A escola é disciplina, é regra. Por isso, ela tem que fazer um esforço para ser um ambiente com disciplina e regras, porém, encantador", opina.
Rede particular tem a maior média
A rede privada teve um desempenho melhor do que a pública em todas as séries avaliadas pelo Ideb, mas os piores números também estão concentrados no ensino médio, cujo resultado ficou um pouco abaixo do esperado para o ano - foi 5,7 diante da meta de 5,8.
O superintendente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Particular do Estado (Sinepe), Geraldo Diório Filho, diz que o resultado reflete a grande migração de alunos da rede pública para a privada no último ano do ensino médio.
"O ensino médio na rede privada recebe muita gente da rede pública, principalmente, no terceiro ano, quando muitos estudantes buscam uma preparação específica para o vestibular. Como muitos desses alunos não tiveram a mesma base educacional, o resultado em avaliações de larga escala tende a cair", justifica.
Ele também ressalta que o bom desempenho nas demais séries está relacionado com o investimento feito pelas escolas. "Historicamente, a rede particular sempre investiu em tecnologia e formação continuada dos professores. Até porque não esbarra na mesma burocracia enfrentada pela rede pública, que tenta mudar esse quadro há alguns anos. Mas manter um desempenho favorável, mesmo nas particulares, não é fácil. É preciso muito esforço das escolas para resultar em cada décimo a mais na nota do Ideb", afirma.
Os números da avaliação
Entenda como funciona o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e confira os resultados da última edição nas redes pública e privada
Ideb no Estado
O que é: o indicador foi criado em 2007 para medir a qualidade do ensino público e privado e o desempenho de alunos em Língua Portuguesa e Matemática
Notas: o índice leva em consideração as notas as avaliações Prova Brasil e Saeb e a taxa de aprovação nas escolas. Ele varia de 0 a 10 e é conferido a cada dois anos
Metas: o governo estabeleceu metas por período para que o Brasil chegue em 2022 com o mesmo índice de desenvolvimento que os países desenvolvidos tinham em 2003
Média: o Ideb atribui uma nota para cada escola, assim como para as redes municipais e estaduais. A partir dessas avaliações que é calculada a média nacional
Ensino Fundamental
Séries iniciais (1ª a 4ª)
Nota total: 5,1. Meta: 4,6
Nota da rede estadual: 5,0. Meta para 2009: 4,1
Nota da rede privada: 7,0. Meta para 2009: 6,6
Séries finais (5ª a 8ª)
Nota total: 4,1. Meta: 4,0
Nota da rede estadual: 3,8. Meta para 2009: 3,7
Nota da rede privada: 6,2. Meta para 2009: 6,1
Ensino Médio
Nota total: 3,8. Meta: 3,9
Nota da rede estadual: 3,4. Meta para 2009: 3,2
Nota da rede privada: 5,7. Meta para 2009: 5,8
O Ideb no país
Ensino fundamental: na primeira fase do ensino fundamental, o Ideb passou de 4,2 para 4,6. Nos anos finais, o Ideb passou de 3,8 para 4,0
Ensino médio: Passou de 3,5 para 3,6
Meta de desempenho pode ser revista
O ministro da Educação, Fernando Haddad, admitiu no lançamento das notas nacionais do Ideb que as metas para as escolas e redes de ensino podem ser revistas a partir da próxima avaliação. Ele ressaltou que a mudança pode acontecer porque os objetivos têm sido antecipados nas duas últimas edições do índice. "Entendo que o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pela avaliação, pode convidar um grupo de pesquisadores para começar a avaliar a necessidade e a oportunidade de fazer isso agora", disse. O índice nacional do ano passado foi de 4,6 para os anos iniciais do ensino fundamental, meta prevista para 2011. Em 2007, o Ideb foi de 4,2, que era a meta de 2009. Em 2005, quando foi criado, a média nacional foi de 3,8 pontos. O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) estabelece a meta de que o Brasil atinja a nota 6 no Ideb até 2022.
Por: Carla Nascimento
A Gazeta
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Comentário: Estamos fazendo a nossa parte. Mas somos apenas uma parcela de um contexto muito maior.
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