segunda-feira, 19 de julho de 2010

[ATUALIDADES]-TREM BALA BRASILEIRO (APRESSAR NÃO É IDEAL)


Apressar trem-bala pode gerar riscos
Eduardo Tavares, de EXAME.com
Sexta-feira, 16 de julho de 2010 - 10h59


SÃO PAULO - Segundo o engenheiro especialista em transportes Creso Peixoto, apressar o projeto do trem-bala, que vai ligar São Paulo ao Rio de Janeiro, pode gerar riscos "altíssimos e inadmissíveis".

Ao lançar o projeto do trem-bala, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que acha possível entregar a obra até as Olimpíadas de 2016. Lula afirmou que cogitou organizar o trabalho em dois ou até três turnos, aos sábados e domingos, desde que o objetivo fosse concluir o projeto com a melhor qualidade e no menor prazo.

Apesar de ser favorável ao projeto e reconhecer que seja possível concluí-lo até as Olimpíadas, Peixoto, que é professor do curso de engenharia da FEI, afirma que as características da obra a tornam inviável no curto prazo. "Este é um empreendimento que deve ser feito com calma para que não tenhamos perdas de recursos, nem de vidas durante a construção", afirma.

O engenheiro explica que a construção do trem-bala configura uma obra atípica. Por causa da alta velocidade dos veículos (acima de 200 km/h), será necessária uma linha resistente e praticamente sem curvas. Estas características do traçado, segundo Peixoto, aumentam a dificuldade de execução em algumas etapas do processo e multiplicam os custos.

Ele afirma que o quilômetro construído de uma ferrovia de alta velocidade custa 25 vezes mais do que em uma obra tradicional. "Os 33 bilhões de reais que serão gastos neste projeto seriam suficientes para construir, por exemplo, uma ferrovia regular ligando Florianópolis (SC) a São Luís (MA)", diz.

Além disso, Peixoto explica que a linha exigirá viadutos e túneis "gigantescos", principalmente no trecho que atravessa a Serra das Araras, antes de chegar à cidade do Rio de Janeiro. "Quando você constrói um trecho e inclui um túnel, multiplica o preço do quilômetro construído por 10. E nesta parte da serra, é provável que se façam muitos túneis", diz o professor da FEI.

Segundo o especialista, é justamente na região da Serra das Araras que estão os maiores riscos da obra. Ele afirma que a construção de um túnel nesta área requer o uso de um sistema de escavação similar ao empregado no trecho da linha amarela do metrô de São Paulo que desabou em janeiro de 2007.

"É um processo delicado. A gestão de incorporação do projeto pede rapidez, mas os gestores de riscos sabem que é preciso ir com calma. Um terreno com as características geológicas da serra dependem de um período de espera para que as estruturas rochosas se acomodem após cada corte. A obra não vai precisar de mais turnos ou empregados, e sim de calma, para que haja uma gestão de riscos eficiente", diz Peixoto.

Na opinião do professor da FEI, os altos riscos da obra não justificam apressar o processo, ainda que as pressões pela conclusão aumentem quando Copa e Olimpíadas se aproximarem. "Há outros problemas de infraestrutura muito mais urgentes. A questão dos aeroportos e da mobilidade urbana são bons exemplos. O trem-bala é um bom projeto, e o Brasil terá um em breve. Mas, a julgar pelos problemas que podem surgir com a pressa, este não é o momento."
-------
Comentário: Infelizmente tal tecnologia chegou bastante atrasado ao nosso país. E custará exorbitantes bilhões de reais para ser construído e implantado. Espero que não seja + um elefante branco para que seja amortizado praticamente a 'fundo perdido'...

Um comentário:

  1. Leilão do trem-bala acontece em dezembro
    3 Comentário(s)Vinicius Aguiari, de INFO Online
    Terça-feira, 13 de julho de 2010 - 14h05
    Tags:TI,TI verde,Tecnologias limpas

    SÃO PAULO - O Governo apresentou hoje o edital de licitação do trem-bala. O leilão vai acontecer no dia 16 de dezembro. O projeto, que vai ligar as cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, está orçado em R$ 33,1 bilhões.

    A empresa ou consórcio que oferecer a tarifa de menor valor entre o trecho Rio – São Paulo vence a licitação para a construção e para operação do trem-bala. O preço inicial da tarifa proposto pelo Governo será de R$ 199,73.

    Grupos coreanos, japoneses, chineses, espanhóis, franceses e alemães já manifestaram interesse pelo projeto. Em caso de empate, a preferência será dada à empresa que tiver maior tempo de experiência no mercado de trens de alta velocidade.

    Quem vencer terá o governo como sócio do empreendimento por meio de parceria público-privada. O projeto de lei que cria a Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade S.A. (Etav) será enviado ao Congresso amanhã. A estatal vai integrar a Sociedade de Propósito Específico (SPE) que será formada para construir o trem-bala.

    Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o trajeto previsto do trem-bala terá 90,9 quilômetros de túneis e 103 quilômetros de pontes e viadutos. A viagem entre São Paulo e Rio de Janeiro deve levar uma hora e 33 minutos.

    O valor é superior ao destinado para a construção da usina de Belo Monte, no Xingu, obra para a qual as estimativas mais pessimistas estimam gastos de R$ 30 bilhões.

    As obras devem começar no ano que vem, após, a liberação de licenças ambientais e a realização de desapropriações das áreas por onde o trem deve passar.

    De acordo com a resolução, pelo menos 60% dos lugares de cada composição deverão pertencer à classe econômica. O trem-bala deve entrar em funcionamento em 2015, um ano antes das Olimpíadas do Rio.

    ResponderExcluir